"“O texto
traz inúmeros benefícios para o exercício da advocacia, como os honorários, as
férias e a contagem de prazos em dias úteis”, destacou o vice-presidente do
CFOAB.
Na tarde
desta terça-feira (14), durante o Congresso Brasileiro sobre o Novo CPC, o vice-presidente
nacional da OAB, Claudio Lamachia, conduziu palestra do presidente da OAB/MG,
Luis Claudio da Silva Chaves, e do advogado e jurista Nelson Nery Júnior.
Na
abertura do painel “Recursos”, Lamachia destacou que a OAB está extremamente
orgulhosa de contribuir com o desenvolvimento do novo Código de Processo Civil,
que tem o selo da entidade em inúmeros pontos. “Como obra humana, não é
perfeita. Mas, no que diz respeito ao advogado, o CPC traz inúmeros benefícios
e fortalecimento do exercício da advocacia. Temas que foram objeto de luta por
muitos anos e que hoje são celebradas por nós com a promulgação do novo CPC”,
declarou.
Duas
vezes presidente da Ordem gaúcha entre 2007 e 2012, Lamachia destacou que o
novo CPC reúne um conjunto de conquistas para a classe, sendo, sem dúvida, um
dos momentos mais importantes já vividos pela advocacia brasileira, pois a sua
sanção traz soluções duradouras para as dificuldades profissionais históricas.
“O texto apresenta matérias legislativas que expressam o cumprimento de alguns
compromissos que assumimos com a advocacia gaúcha quando iniciamos nosso
trabalho na OAB/RS. Depois do Supersimples, agora temos a vedação da
compensação, as férias para os advogados, a natureza alimentar dos honorários,
o fim do parágrafo 4º do artigo 20 do atual CPC e a contagem de prazos em dias
úteis. Estão de parabéns todos os nossos colegas dirigentes da OAB que
contribuíram de forma decisiva para que este objetivo fosse alcançado”,
assegurou.
O
vice-presidente do CFOAB frisou a importância da realização de eventos de
atualização sobre o novo texto legal. Ele informou que a Escola Superior de
Advocacia da OAB/RS promoverá, a partir de maio até outubro, curso sobre o CPC.
As aulas serão nas segundas-feiras, das 19h às 22h, na sede da OAB/RS, tanto na
modalidade presencial quanto pelo sistema ESA EaD. Para inscrições, acesse aqui.
Os
Recursos e a Advocacia
Na
palestra, Chaves falou sobre as alterações no novo CPC a respeito dos recursos
e contou que, na época em que foram realizadas as audiências públicas sobre o
Código, ele tinha grande receio quanto à pressão para extinção de recursos sem
análise mais cautelosa da importância deles na vida do cidadão. “A
fundamentação das decisões não é típica de decisões judiciais, ela faz parte da
vida de cada um. Nas questões judiciais, não pode ser diferente, por isso os
recursos são importantes”, esclareceu.
“O
resultado final no campo recursal não foi tão traumático, pois o novo Código
trouxe boas conquistas para a advocacia e, inclusive, quero elogiar o trabalho
do Conselho Federal da OAB e das seccionais para que esses direitos e garantias
fossem introduzidos”, comentou o presidente da seccional mineira.
Para
Chaves, a celeridade dos processos depende mais da organização do Poder
Judiciário do que de uma legislação. “É inconcebível que no século XXI ainda
tenhamos juízes que não recebem advogados. O advogado é um auxiliar na
elaboração da própria decisão do juiz. Precisamos ter reorganização do
Judiciário, pois é lamentável que a advocacia sempre pague o pato pela
morosidade”.
“No novo
CPC, foram preservadas muitas coisas, mas algumas mudaram. Os embargos de
declaração, recurso ordinário, especial e o agravo interno foram incorporados
ao rol de recursos. No Código, pouco se mudou em relação aos pressupostos
recursais, pois se mantêm os da legitimidade e de interesse de recorrer. Também
manteve o efeito suspensivo e enumerou as regras em que o recurso terá esse
efeito”, destacou.
O
presidente da OAB/MG terminou sua exposição elogiando a atuação da OAB Nacional
nas várias vitórias da advocacia no novo CPC e disse que os tribunais precisam
evoluir para a cultura da conciliação. “Em decorrência dos princípios, os
tribunais têm que evoluir na questão da conciliação.”
Recursos
e o Direito Processual Civil
“O
recurso é sempre uma questão sensível no direito processual civil. O CPC inovou
bastante e veio com novidades na área, mas nada mudou relativamente ao conceito
de atos como sentença, decisão interlocutória e despacho, que hoje e amanhã
serão as mesmas coisas”, explicou o jurista Nery.
Segundo
ele, existem hoje algumas hipóteses de cabimento dos recursos de agravo de
instrumento, pois atualmente o CPC permite toda e qualquer interlocutória a
respeito do agravo e amanhã não mais sofrerá a situação de preclusão. “No novo
CPC, as interlocutórias em geral não sofrem preclusão quando houver uma
sentença ao impugná-la por meio de apelação. O novo CPC traz doze hipóteses no
artigo 1.015 sobre onde cabe o agravo de instrumentos contra as decisões
interlocutórias. Se houve evolução ou involução, o futuro dirá. Teremos ainda
muito a debater nessa matéria”, disse o jurista.
“Houve a
unificação dos prazos de recursos, que no novo Código passa a ser de 15 dias
úteis, salvo os embargos de declaração, que continuam com prazo de cinco dias,
como está disposto no caput do artigo 1.023 do novo CPC”, esclareceu Nery. Ele
também falou sobre a competência de apreciar a admissibilidade dos recursos. “A
competência para apreciarem a admissibilidade dos recursos especiais
extraordinários ficou para os tribunais superiores”, advertiu Nery.
“CPC é
obra de ousadia e coragem”, afirma Fux
O
ministro do STF Luiz Fux proferiu a conferência de encerramento do Congresso
Brasileiro sobre o Novo CPC na noite desta terça-feira (14), na sede do CFOAB,
em Brasília. “O novo CPC é uma obra de ousadia e coragem, confeccionada a
muitas mãos”, destacou o magistrado, que presidiu a Comissão de Juristas que
elaborou o anteprojeto do texto, no âmbito do Senado Federal.
O
presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, se disse honrado
com a presença de Fux no Congresso. “O CPC deve ser incorporado nos nossos
corações e mentes e mudar a cultura da morosidade na Justiça pela cooperação. O
ministro Fux tem sido fundamental nas grandes conquistas da sociedade. Além do
trabalho no novo Código, foi relator de importantes matérias na Suprema Corte,
como a declaração de constitucionalidade da Lei Ficha Limpa, a celeridade com
que pôs na pauta a discussão sobre a legalidade das doações de empresas a
partidos políticos e o fim da PEC do Calote nos precatórios”, afirmou.
Para
Lamachia, Fux é o maior articulador do CPC, “texto que tem o DNA da OAB em
diversas partes, principalmente no respeito aos honorários, a contagem dos
prazos em dias úteis e as férias dos advogados”. O ministro do TCU Bruno
Dantas, coordenador científico do Congresso Brasileiro sobre o Novo CPC, quando
começaram os trabalhos da comissão, Fux já era o maior processualista do STJ,
“mas se despiu da toga para ser um servidor no Senado”. “Não há nome melhor
para encerrar este evento do que o pai do CPC”, disse.
Em sua
conferência magna de encerramento, Fux afirmou que o Novo CPC “é uma obra humana
lavrada a muitas mãos e sempre com a compreensão dos componentes da comissão
que o elaborou”. Segundo o magistrado, o texto só foi aprovado em quatro anos
pela boa vontade tanto dos juristas quanto dos parlamentares. “Além de 100
audiências públicas e 60 mil e-mails com sugestões, realizamos ainda uma dezena
de reuniões para obter um texto final de consenso”, explicou.
Com
informações do CFOAB"
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