Referente a palestra do sociólogo Boaventura... abaixo, artigo publicado no site da UFRGS:
“O intelectual português e doutor honoris causa da UFRGS Boaventura de Sousa Santos realizou a conferência « As epistemologias do Sul e a reinvenção da democracia », nesta terça-feira, dia 18 de junho, no Salão de Atos. Após dedicar sua exposição ao educador Paulo Freire e aos jovens da Casa de Cultura Hip Hop de Esteio, Sousa Santos apresentou sua fala em duas partes. Primeiramente, a parte teórica: a indicação das contradições e das tensões da democracia na atualidade e o levantamento de elementos para a reinvenção dessa democracia. Depois, seguindo sua perspectiva de diversificação de epistemologias, performou, ao lado de outros integrantes, a leitura cênica da poesia “Sou um criador”.
Democracia em tensão
“Viver em um regime democrático não é garantia de que se viva democraticamente”, ponderou Sousa Santos, ao mencionar que o regime teve seu maior espaço durante o século 20, que, contraditoriamente, foi também o século de ditaduras e regimes autoritários sangrentos e das duas grandes guerras mundiais. Para ele, durante o período estabeleceram-se três definições da democracia: real, com a universalização dos sufrágios; ideológica, com as elites se adaptando ao sistema; e utópica, desejo de uma verdadeira democracia ainda não concretizada, uma radicalização do entendimento. Em sua leitura, o capitalismo passa a controlar a democracia, que continua a existir enquanto é funcional para esse sistema, gerando fragilidades: “Com tanto esvaziamento da democracia, ela pode se parecer com uma ditadura”, ponderou.
Antes de apresentar os “elementos de reinvenção”, Sousa Santos asseverou: “Sou um otimista trágico” e elencou contradições que atacam a democracia, como: aspecto globalizado do mercado diante da continuidade da política em seu status nacional; lógicas de mercado influenciando a política interna dos países; inscrição de elementos autocráticos nos sistemas democráticos; radicalizações em políticas de ódio; crise das instituições e ampliação do individualismo; contexto da sociedade métrica, com valoração de números e rankings; colonialismo presente nos dias de hoje, entre outros.
A reinvenção
Sobre a “reinvenção da democracia”, o intelectual português aponta: “Não faz sentido restringir a democracia ao espaço político; ela deve estar na escola, na família, etc. Partidos atuais não são capazes, precisam ser reinventados para uma radicalização da democracia”. Sua fala também foi a respeito da necessidade de autocrítica para os intelectuais, as universidades e para as entidades e os movimentos sociais, num esforço para dialogar com outros saberes. E convocou: “Nosso conhecimento e nossa universidade formam personalidades conformistas. E quando são rebeldes, são rebeldes incompetentes. É tempo de formar rebeldes competentes!”.
Coerente com a proposta de diálogo com outras linguagens e outros saberes, a parte final da conferência foi a leitura cênica da poesia “Sou um criador”, de seu livro “RAP Global”, ao lado de representantes de movimentos sociais e culturais: MC Negra Jaque, Carla Menegaz, Nina Fola, Rafael Rafuagi, Renan Leandro, Diego Kurtz e Atena Beauvoir. A performance foi organizada por Fabiana Menini. Boaventura aproveitou a ocasião para divulgar a segunda edição de “RAP Global”. Após a apresentação, houve sessão de autógrafos.”
A íntegra da conferência será disponibilizada, posteriormente, no canal da UFRGS TV no Youtube.
Acesse texto original aqui.
“O intelectual português e doutor honoris causa da UFRGS Boaventura de Sousa Santos realizou a conferência « As epistemologias do Sul e a reinvenção da democracia », nesta terça-feira, dia 18 de junho, no Salão de Atos. Após dedicar sua exposição ao educador Paulo Freire e aos jovens da Casa de Cultura Hip Hop de Esteio, Sousa Santos apresentou sua fala em duas partes. Primeiramente, a parte teórica: a indicação das contradições e das tensões da democracia na atualidade e o levantamento de elementos para a reinvenção dessa democracia. Depois, seguindo sua perspectiva de diversificação de epistemologias, performou, ao lado de outros integrantes, a leitura cênica da poesia “Sou um criador”.
Democracia em tensão
“Viver em um regime democrático não é garantia de que se viva democraticamente”, ponderou Sousa Santos, ao mencionar que o regime teve seu maior espaço durante o século 20, que, contraditoriamente, foi também o século de ditaduras e regimes autoritários sangrentos e das duas grandes guerras mundiais. Para ele, durante o período estabeleceram-se três definições da democracia: real, com a universalização dos sufrágios; ideológica, com as elites se adaptando ao sistema; e utópica, desejo de uma verdadeira democracia ainda não concretizada, uma radicalização do entendimento. Em sua leitura, o capitalismo passa a controlar a democracia, que continua a existir enquanto é funcional para esse sistema, gerando fragilidades: “Com tanto esvaziamento da democracia, ela pode se parecer com uma ditadura”, ponderou.
Antes de apresentar os “elementos de reinvenção”, Sousa Santos asseverou: “Sou um otimista trágico” e elencou contradições que atacam a democracia, como: aspecto globalizado do mercado diante da continuidade da política em seu status nacional; lógicas de mercado influenciando a política interna dos países; inscrição de elementos autocráticos nos sistemas democráticos; radicalizações em políticas de ódio; crise das instituições e ampliação do individualismo; contexto da sociedade métrica, com valoração de números e rankings; colonialismo presente nos dias de hoje, entre outros.
A reinvenção
Sobre a “reinvenção da democracia”, o intelectual português aponta: “Não faz sentido restringir a democracia ao espaço político; ela deve estar na escola, na família, etc. Partidos atuais não são capazes, precisam ser reinventados para uma radicalização da democracia”. Sua fala também foi a respeito da necessidade de autocrítica para os intelectuais, as universidades e para as entidades e os movimentos sociais, num esforço para dialogar com outros saberes. E convocou: “Nosso conhecimento e nossa universidade formam personalidades conformistas. E quando são rebeldes, são rebeldes incompetentes. É tempo de formar rebeldes competentes!”.
Coerente com a proposta de diálogo com outras linguagens e outros saberes, a parte final da conferência foi a leitura cênica da poesia “Sou um criador”, de seu livro “RAP Global”, ao lado de representantes de movimentos sociais e culturais: MC Negra Jaque, Carla Menegaz, Nina Fola, Rafael Rafuagi, Renan Leandro, Diego Kurtz e Atena Beauvoir. A performance foi organizada por Fabiana Menini. Boaventura aproveitou a ocasião para divulgar a segunda edição de “RAP Global”. Após a apresentação, houve sessão de autógrafos.”
A íntegra da conferência será disponibilizada, posteriormente, no canal da UFRGS TV no Youtube.
Acesse texto original aqui.
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